Nesta sexta-feira (13) é comemorado o dia de Santo Antônio em todo o Brasil, no mês de junho também são comemorados São João, dia 24, e São Pedro, 28. O festejo desses três santos populares se espalhou pelo Brasil em festas juninas, festivais, danças e tradições.
Estevam Machado é um historiador e educador brasileiro, doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco e estuda sobre os festejos juninos e explica que o festejo dos santos populares vieram com a colonização do Brasil. Ele afirma ainda que os portugueses trouxeram consigo os padres, missionários, fazendo a pregação e introduzindo o rito católico, o calendário litúrgico católico na vida local.

“Até hoje celebra bastante as festas dos santos populares porém nós demos uma cara brasileira isso é nós incorporamos diversos elementos que são elementos diferentes da festa de Portugal”, explica o professor.
Ele explica que os elementos vieram da Europa e ainda estão presentes na festa como a fogueira:
“A fogueira está presente em muitas festividades e isso se dava lá naquele contexto já de uma forma de celebração de rituais pagãos pré modernos e pré cristãos, e foram incorporados ao cristianismo, mas aqui no nordeste, a fogueira tem um sentido também de acolher. Antes da energia, da eletricidade, a fogueira era forma de se fazer calor e se iluminar. Então, as festas aconteciam em torno desse lugar e era ao redor da fogueira que as pessoas socializaram”, contou.
Uma pesquisa feita pela JLeiva Cultura & Esporte mostrou que 78% dos brasileiros têm a festa junina como sua preferida, a frente do carnaval e tem festa de ponta a ponta do país. O professor conta que é uma festa que foi importada e se inicia na Europa, mas que tem raízes profundas com elementos africanos, indígenas e até mesmo asiáticos.
“Da China a gente herdou a tradição de soltar bomba vamos dizer assim o chamado fogos de artifício então os fogos de artifício eles são uma tradição chinesa”, ele fala da zambumba que é o instrumento que marca o tempo do forró, que é originária da África e que o milho é o elemento da culinária indígena que foi introduzido na festa.
“A gente percebe a força de uma festa pela sua capilaridade. Como é que essa festa penetra em todo o território nacional, e obviamente que ao penetrar em todo o território nacional ela encontra realidades culturais totalmente distintas”, diz o historiador.
Confira em ordem crescente de público as festas típicas juninas.
Centro Oeste
A principal festa junina da região Centro-Oeste, em número de participantes, é o Arraial do Banho de São João, promovido na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Em 2023, a festividade reuniu cerca de 90 mil pessoas, de acordo com informações da prefeitura local. Realizado às margens do Rio Paraguai, o evento é considerado Patrimônio Cultural do Brasil e chama atenção por tradições singulares, como o ritual de banho das imagens de santos no rio.
Já a Festa Junina de Bom Jardim de Goiás, no interior goiano, é uma comemoração com mais de um século de história, chegando à sua 103ª edição em 2024. Apesar de seu valor histórico, inclusive reconhecido pelo Iphan, e da programação que inclui cavalgadas e apresentações musicais, não há registros oficiais de público que ultraem os números do Arraial em Corumbá.
Sul
A festa junina com maior público da região Sul do Brasil é o São João de Maringá, realizado na cidade de Maringá, no estado do Paraná. Em 2023, o evento recebeu aproximadamente 100 mil visitantes ao longo de quatro dias de comemorações. Com apresentações de quadrilhas, atrações musicais e uma ampla oferta de comidas típicas, a celebração se firmou como a principal manifestação junina do Sul, mantendo vivas as tradições dessa época do ano.
Sudeste
O Arraial de Belo Horizonte chegou a levar 100 mil pessoas às ruas durante o mês de junho, em 2019, em 2024 o público foi de 80 mil pessoas. O festival conta com atrações e toda a tradição junina: apresentações de quadrilhas, cortejos, shows musicais e uma vila gastronômica com comidas típicas.
Norte
O Arraial de Todos os Santos em Belém, Pará reuniu cerca de 15 mil pessoas no primeiro dia do evento, tanto em 2023, quanto em 2024. A expectativa é que a festa tenha 200 mil pessoas particiem das celebrações ao longo dos dias de festa, segundo a Fundação Cultural do Estado do Pará. A festa destaca-se por concursos de quadrilhas, apresentações de carimbó e outras manifestações culturais típicas da região amazônica.
Nordeste
O nordeste é o grande centro produtor das maiores festas e festivais dessa época e que levam o maior número de público e por isso a matéria mostrará três festivais. Dentre as grandes festas estão: o São João de Campina Grande, na Paraíba; o de Caruaru, em Pernambuco; e a festa do Boi Bumbá, em São Luís, no Maranhão.
São Luís do Maranhão
A festa da capital tem uma grande peculiaridade, o Bumba-Meu-Boi é marcante e emblemática, marca uma cultura muito específica do local. A festa tem origem no folclore brasileiro e tem raízes afro-brasileiras, misturando dança, teatro e conta histórias do boi morrendo e ressuscitando. O movimento dos bois nasceu no século XVIII.
A festa em 2025 terá 67, dias de acordo com calendário da prefeitura. Os arraiais do Ipem, Vila Palmeira, Santo Antônio, Bairro de Fátima, João Paulo, Cohatrac, João de Deus, Cidade Operária e Parque da Juçara, são lugares conhecidos para as festas na cidade. A festa na capital maranhense terá os festejos de São Pedro e São Marçal, e com o arraial na Praça das Mercês.
Campina Grande
Conhecido como o maior São João do mundo, a festa em Campina Grande teve seu início em 1983, no dia 4 de junho, em uma palhoça onde atualmente é o Parque do Povo, local da festa. Em pouco tempo a festa já era bastante popular, cinco anos depois já estava inclusa no calendário turístico do Brasil.
Atualmente a festa reúne cerca de 2 milhões de pessoas durante os 30 dias. Artistas como Elba Ramalho, Biliu de Campina e Flávio José são figuras sempre presentes e marcantes na festa. O Parque do Povo recebe 80 mil pessoas ao mesmo tempo e tem rotatividade de 100 mil pessoa por dia durante as festas.
Caruaru
Durante o mês de junho a cidade de Caruaru vira a “Capital do Forró”. A festa teve início em 1984 e desde então organizado pela Fundação de Cultura de Caruaru. A cidade abriga 27 polos de animação, 13 são na zona rural e 14 área urbana. O Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, o Polo Cultural da Estação Ferroviária e o Alto do Moura são alguns dos polos.
Esse ano o festejo pode ter ao todo 3 milhões de visitantes, o município movimenta R$165 milhões gerando empregos e renda para os trabalhadores de Caruaru, sendo o maior evento turístico do município que fica no estado de Pernambuco.
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